
''Lá Bailarina e o Soldadinho de Chumbo''
Um segundo ... É uma questão de tempo.
Tempo ... É a denominação para os segundos.
Fechar os olhos perante a cortina. Escutar os sons que ecoam ao seu redor. Sentir a vida de outro modo...
É uma questão de experimentar.
Um ponto de vista nao pode ser dado... se não experimentado.
Sentido na pele.
Os ''porquês'', não são respondidos quando se deixam de enfrentá-los.
Mas o por quê de deixar de enfrentá-los não necessita de explicação.
[ Uma linda bailarina senta em sua cama, abraça forte seus joelhos. Uma dúvida paira sobre seu olhar. Seus medos e incertezas estão cada vez mais concretos, mas mesmo assim ela nao consegue acreditar.
Paralisada, com dor nos pés, a bailarina se desfaz dos laços em volto da sapatilha. E esta, já em suas mãos, se espalham como cristais no chão.
A vontade de cantar e dançar já não é certa. Os sentidos de sua real existência... perderem-se todos. A beleza do palco e dos aplausos... já não tem graça.
Mas o motivo? ...
Ela não sabe!
E se põe a chorar.
Um vento forte sopra ao seu ouvido...
Uma brisa leve acaricia sua face pálida,
mas mesmo assim lhe falta o ar para respirar.
Há três dias ela sorria, há três dias ela o fez sorrir, ...
lhe contou muitos contos, lhe falou muitos causos,
mas ontem ecoou o seu causar.
Passou pelo seu ouvido como aquela brisa.
Entrou em seu peito como aquele sopro!
O vento frio.
Não sentado abraçado aos joelhos, mas em pé; parado feito chumbo! ...
o soldadinho parou de respirar.
Logo, a bela bailarina já estava em pé!
Logo, a grande bailarina se pôs a dançar.
O soldadinho então... volta a caminhar.
O que houve?
A bailarina não sabe explicar.
Com ou sem respostas o soldadinho não precisa perguntar.
Andando juntos pelo caminho a bailarina não deixa de reparar...
O soldadinho duro feito chumbo não está a respirar.
O que houve? ... Ela não sabe,
Mas o soldadinho se põe a falar...
Sentados horas ali ficaram. De olhos fechados; sentindo o vento; escutando todos os sons ao seu redor. Imaginando o que poderia ser cada um deles. Tendo apenas o prazer de experimentar!
Sentados frente ao sol estavam a bailarina e o soldadinho, que agora respirava, mas permanecia inerte feito chumbo.
Por: Ricardo Augusto.
Jack! pour vous, mon cher.