domingo, 6 de junho de 2010

"Lá Bailarina e o Soldadinho de Chumbo"


''Lá Bailarina e o Soldadinho de Chumbo''

Um segundo ... É uma questão de tempo.

Tempo ... É a denominação para os segundos.


Fechar os olhos perante a cortina. Escutar os sons que ecoam ao seu redor. Sentir a vida de outro modo...

É uma questão de experimentar.


Um ponto de vista nao pode ser dado... se não experimentado.

Sentido na pele.


Os ''porquês'', não são respondidos quando se deixam de enfrentá-los.

Mas o por quê de deixar de enfrentá-los não necessita de explicação.


[ Uma linda bailarina senta em sua cama, abraça forte seus joelhos. Uma dúvida paira sobre seu olhar. Seus medos e incertezas estão cada vez mais concretos, mas mesmo assim ela nao consegue acreditar.


Paralisada, com dor nos pés, a bailarina se desfaz dos laços em volto da sapatilha. E esta, já em suas mãos, se espalham como cristais no chão.

A vontade de cantar e dançar já não é certa. Os sentidos de sua real existência... perderem-se todos. A beleza do palco e dos aplausos... já não tem graça.


Mas o motivo? ...

Ela não sabe!

E se põe a chorar.


Um vento forte sopra ao seu ouvido...

Uma brisa leve acaricia sua face pálida,

mas mesmo assim lhe falta o ar para respirar.


Há três dias ela sorria, há três dias ela o fez sorrir, ...

lhe contou muitos contos, lhe falou muitos causos,

mas ontem ecoou o seu causar.


Passou pelo seu ouvido como aquela brisa.

Entrou em seu peito como aquele sopro!

O vento frio.


Não sentado abraçado aos joelhos, mas em pé; parado feito chumbo! ...

o soldadinho parou de respirar.


Logo, a bela bailarina já estava em pé!

Logo, a grande bailarina se pôs a dançar.

O soldadinho então... volta a caminhar.


O que houve?

A bailarina não sabe explicar.

Com ou sem respostas o soldadinho não precisa perguntar.


Andando juntos pelo caminho a bailarina não deixa de reparar...

O soldadinho duro feito chumbo não está a respirar.


O que houve? ... Ela não sabe,

Mas o soldadinho se põe a falar...


Sentados horas ali ficaram. De olhos fechados; sentindo o vento; escutando todos os sons ao seu redor. Imaginando o que poderia ser cada um deles. Tendo apenas o prazer de experimentar!


Sentados frente ao sol estavam a bailarina e o soldadinho, que agora respirava, mas permanecia inerte feito chumbo.
Por: Ricardo Augusto.
Jack! pour vous, mon cher.